domingo, 8 de maio de 2011

O que eu sempre quis

Especial de Dia das Mães.

Parabéns à todas as mães, principalmente a minha.. heheh

Esse texto foi feito para a D. Andréia (minha mãe) e ela deixou eu postar....




Sempre pensei que a mãe de qualquer outro fosse melhor do que a minha.
Minha mãe é chata, baixa, cabelos cacheados. Ela é meio cega e ainda por cima nunca tem algo melhor para fazer do que dizer que sempre estou errada, que meu irmão é melhor e etc.
Por isso, logo depois de uma longa análise feita enquanto lavava a louça que eu nem tinha sujado um prato, decidi que o melhor para mim era ter outra mãe.
Meu irmão não consegue fazer nada sozinho, ele não se esforça, então achei melhor que nossa mãe (agora ex) fosse apenas dele, já que ele precisa muito mais dela do que eu, já que ela deixou claro na noite passada que como sou muito mais responsável do que ele, saia de casa mais cedo, por mais que ele seja 3 anos mais velho.
Arrumei poucas roupas, o suficiente para entrar na minha mochila e então finalmente sai de casa, não deixaria nenhum bilhete, mas ligaria logo que arrumasse uma nova mãe para mim.
Deveria colocar talvez no meu sub: Alguma mãe adote-me?
É melhor não, seria desesperador demais.
Sai de casa sem que ninguém percebesse, papai estava trabalhando, meu irmão no curso e mamãe estava dormindo, era o horário perfeito.
Mesmo não precisando mais de minhas chaves, eu a levei comigo, pressentimento e também para guardar de recordação.
Quando faltava uns 50 metros para chegar perto da casa de uma amiga, a primeira a qual eu pediria abrigo, eu imaginei como seria a minha vida, agora como “irmã” dela.
Sua família é absurdamente acolhedora, mas não os conheço mais intimamente, conheço superficialmente seus gostos e suas manias, não saberia ligar com a pressão do dia a dia.
Imaginei-me de uma forma completamente diferente.
Eu sou simples, gosto de coisas simples e que não me tragam nenhum desconforto.
Sou a favor das coisas agradáveis.
Naquela casa, por mais que eu fosse adorada por todos e também os adoraria, eu estaria em um pequeno impasse de que eu deveria me transformar como eles.
Cada amigo meu é de uma forma diferente, e essa é absurdamente presunçosa, por mais que também tivesse muitas qualidades, mas essa, a maior é a que impera na sua personalidade.
Eu não conseguiria viver da forma como eles vivem, com o nariz tão empinado como se ele conseguisse atingir o céu. São fáceis de conversar, mas eu não saberia como conseguiria conviver, já que apenas nas pequenas reuniões que meus amigos iam eu conseguia descrever todos esses empecilhos.
Deu um aperto no meu coração, mamãe sabia exatamente como eu gostava de agir. Não era tão vaidosa, não gosto de maquiagem, gosto daquilo que me faz bem, diferente da família de minha amiga, a qual talvez fosse quase obrigada a usar roupas de ouro caso realmente fosse entrar para a sua família.
Andando mais um pouco, passando da casa de meus amigos presunçosos, cheguei à conclusão de que eu não teria os melhores pais, nem os melhores irmãos.
Um pouco distante da minha próxima amiga, imaginei como seria a nossa convivência.
Mas, essa família eu conheço um pouco mais, motivos obrigatórios.
Eles são um pouco mais simples do que a família de minha primeira amiga, na verdade, MUITO mais simples, até mais simples do que eu junto com a família a qual eu quero desanexar.
Não há nenhuma arrogância, o que de fato é bom, mas também não há nenhuma ambição para o futuro, faltam apenas dizerem que colocaram seus filhos no mundo porque foi apenas um deslize fatal de dinheiro para comprar uma camisinha.
Não há compromisso com nada, o que talvez implicasse com o meu modo de vida, já que tenho várias coisas para fazer (e algumas eu nem queria fazer) e que dependem de mim.
Senti novamente um aperto no coração. Minha família sempre me apoiou em tudo o que eu quisesse fazer e se eu errasse, se eu estivesse precisando de apoio, sempre estavam comigo.
A família dessa minha amiga não seriam melhores comigo, por mais que me tratassem com respeito, eu não cresceria profissionalmente e nem psicologicamente, não cresceria por dentro, como pessoa.
Fui para a próxima casa, algum amigo meu deveria servir.
Um amigo, a família é absurdamente ocupada, eu não gostaria de ficar em casa feito uma idiota e incompetente, já que não achava mais sensato trabalhar enquanto estava estudando.
Outro amigo, a família dele é muito soberba, eu não conseguiria conviver com pessoas a qual acham que as outras existem apenas para vangloriá-los.
Eu os aturo como amigos, não conseguiria como família.
No fim, me vi indo para casa novamente, apesar de que todos os meus amigos sejam muito bons, suas famílias são ótimas, eu não cresci daquele modo, não conseguiria sobreviver com pessoas tão diferentes.
Abri o portão de minha nova/antiga casa e depois da festa feita pelos cachorros, sorri. Até eles me recepcionam.
Coloquei a mochila no sofá e liguei a TV.
O quarto de mamãe foi aberto, apenas olhei para a sua direção.
Mamãe estava com cara de sono, bocejando muito, mas mesmo assim sorriu e disse:
- Precisa de algo?
E então percebi que seria injusto e burro da minha parte procurar em outras famílias o que eu já tenho aqui e com abundância:
Amor.

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