terça-feira, 3 de maio de 2011

Hospital, Nascimento e Aleluia!

*Momento Sufoco, ONN!

Dia: 14.04.2011

Minha prima está grávida de 9 meses, o que significa que Luiza, minha sobrinha/prima está pronta para nascer.
O sufoco é que eu tive que ficar com a minha prima no hospital depois que a bolsa estourou. Uma alegria, mas ao mesmo tempo eu me ferrei.
Filhos, a dádiva de Deus mais complicada pra nascer no mundo.

Minha situação:

05:40.
Esperando a minha prima ter os 10 dedos de dilatação e finalmente ganhar o nenê.
Três caras dormindo a um metro de mim. Um deles ronca e eu não sei quem é.
Outro cara a qual a esposa/filha/amante/sogra/amiga/parente já ganhou o nenê e está na sacada da sala de espera. Se ele não pular, eu vou.
Uma senhora de uns 70 anos de idade que tem 6 filhos, está sentada ao meu lado. A filha mais velha é que tá parindo.
Tem uma filha de 25 anos, que é a que tá parindo, casada, mas sei lá onde está o marido, a propósito, ele é feio. Eu vi por uma foto no celular dela que eu tive que pegar para mostrar à senhora como se tira uma foto, para ela tirar na hora do parto.
Ela tem mais um filho de 13 anos, o mais novo. Um de 17 anos, um de 21 anos e o resto eu não sei. Ela foi falando e eu não perguntei, eu nem queria saber mesmo.
Ela tem uma verruga que me assusta. Mas, sem preconceito com quem tem verruga, é que a dela me assustou MESMO.
Ela olhou para minha pintinha no rosto e disse que ela tem uma grande no seio, como a filha dela que tá parindo, a mãe dela – que teve 12 filhos, 6 homens e 6 mulheres -, a avó dela – que teve 20 filhos “não tinham TV” – também tem. Informações desnecessárias.
Também tem uma senhora a qual o bebê da filha dela morreu dentro da barriga, com 7 meses de gestação. Ela estava chorando baixinho e com as mãos no rosto há uns instantes atrás.
A dor de perder um filho... Coisas que eu ainda não entendo.
O cara saiu da sacada – Na verdade, tem uma porta que você entra que dá para a área da sacada – agora sim eu vou lá me atirar.
Os ônibus já estão rodando, o sol ainda não nasceu. Meu relógio está cinco minutos adiantados e faz três horas a qual eu não sei nada da minha prima.
Não tem álcool gel no recipiente destinado ao álcool gel, do lado do sofá em que a moça que é mãe da que perdeu o bebê está. Não tem papel higiênico no banheiro.
Pelo menos tinha água no banheiro, já que o resto era estranho ou não tinha.
A senhora de 70 e poucos anos e 6 filhos (a qual a mais velha está parindo) agora tirou o casaco e está dormindo.
O cara da sacada está sentado no mesmo sofá que a mãe da que perdeu o bebê. Ele está mexendo na câmera, provavelmente vendo as fotos da amante do que as do bebê que acabou de nascer.
A mãe da que perdeu o bebê, e o parto teve que ser obrigatório já que a criança morreu dentro de sua barriga, virou para o lado e dormiu. Ela me olhava antes de uma forma como se soubesse o que eu estava pensando (me deu muito medo).
Consegui ver minha prima às 6 da manhã até as 6 e meai. Então, várias coisas aconteceram:
Várias gestantes chegaram, algumas apenas para fazer exames, outras que o bebê vai nascer mesmo.
Uma loucura.
Várias pessoas falando, emprestei meu telefone pra uma que a bateria dela descarregou. Simpatizei-me com ela.
A filha dela vai parir até as 10 horas (é o que ela espera), tá sofrendo desde a 1 hora da manhã.
...
Agora é 08h30min. Não sei cadê a mãe da minha prima que mora em Gravataí e estava vindo.
Não sei cadê a minha mãe que ta trazendo as coisas do nenê da minha prima, junto com a câmera digital, é claro.
A senhora de 70 e poucos ainda está aqui.
Espero que até as 9 eu possa entrar e falar com a Fabi, a minha prima, dar uma força pra ela.
To quase chorando, indo no banheiro de dez em dez minutos, já ruí duas unhas, tá frio (mas, eu trouxe casaco, tsc. Eu tinha a leve impressão de que realmente iria passar por tudo isso, HOJE), minha bateria do telefone ta descarregando, não sei da minha prima há duas horas, estou convicta de que o hospital conceição é muito conceituado, já que pessoas de cidades pequenas vizinhas vêm pra cá (a senhora de 70 e poucos, por exemplo, ela é de Itati, eu acho. Essa cidade existe? Hehehe), minha língua ta queimada por causa do café que eu tomei muito rápido e tava muito quente.
E PRA AJUDAR... TÁ CHOVENDO.
Agora tá só uma garoa, mas antes tava pior.
E vai ficar assim o dia todo, tenho certeza.
Minha vida agora não tá fácil, mas pela Luiza vale à pena.

Cada vez que a porta abre pra chamar alguém, eu fico a mil, pra ver se vão chamar a minha prima de uma vez.
EU. TO. PIRANDO.

Telefone da minha mãe só recebe ligações, nem mandar mensagem dá, então tenho que ligar de 20 em 20 minutos.
Dá última vez que eu liguei, ela estava longe... E NUMA TRANQUEIRA.
Liguei de novo, ela estava perto, a tranqueira já tinha passado.

E quando estava escrevendo a última linha, a médica chama o parente da Fabiane, eu coloco tudo na bolsa rápido, ela me diz que a Luiza vai nascer. Ela me manda tirar a minha roupa e ficar só de calcinha, sutiã e de tênis e colocar aquela roupa verde, do hospital. Tirei até o relógio e o colar.
Só deu tempo de chegar à enfermeira e alguém grita que nasceu. Logo após de ouvir dois gritos ensurdecedores de dor.
Nem lavei com sabão a minha mãe, só água mesmo (já tinha lavado ela com álcool gel) e fui para a sala do parto.
Fabi gritando de dor, Luiza no colo dela, eu sem saber o que fazer e várias médicas em volta.
Luiza chorava, Fabi chorava, eu chorava e os médicos dizendo que a Luiza é linda.
Tirei foto e a médica me xingou, mas ela mesma tirou depois.
Fabi dizendo que o parto da Lele (primeira filha dela, de 4 anos, quase 5) foi mais fácil... E procedimentos médicos.
Placenta de um lado, costura de outro.
Peguei a Luiza no colo, pra pesar ela depois. Achei que ia a deixar cair no chão.
Ela chorava no meu colo desesperada e a médica dizendo que era normal.
Ela nasceu com 3, 340 kg. Linda, forte e saudável.
Agora to sentada na frente do hospital, esperando a minha tia, mãe da Fabi, descer pra eu ir dar Tchau, tirar mais fotos e ir embora.
Ah, a minha mãe tá aqui também.
Agora é quase 1 hora da tarde, estou sem dormir a mais de 12 horas. De noite como fiquei aqui no hospital, eu não consegui dormir. A qualquer momento eles poderiam me chamar, tinha que estar acordada.

Encerro esse post dizendo que vou adotar, não quero ter filhos partindo de mim, sinto muito.
To absurdamente cansa e quero ir pra casa dormir (e tomar banho, é claro).
Beijos... E...

Ser adolescente não é fácil, quem disse?

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